Chá Li-Cungo

Passado quase um século do início da produção do famoso Chá Li-Cungo este regressou às antigas plantações do Gurué, na província da Zambézia, em Moçambique.

Durante muitos anos o Chá Li-Cungo foi considerado o melhor chá do mundo. A produção do chá iniciou-se com a criação, em Gurué, da Companhia da Zambézia com capitais vindos de vários países: Portugal, África do Sul, Alemanha, França, Inglaterra e Estados Unidos da América.





Foi na Conferência de Berlim, uma das mais importantes conferências realizadas na segunda metade do século XIX, o qual tinha como um dos objetivos regular o Direito Internacional Colonial, que Portugal assumiu o compromisso de assegurar a ocupação efectiva dos seus territórios. Dada a incapacidade militar e financeira portuguesa, a alternativa encontrada foi o arrendamento da soberania e poderes de várias extensões territoriais a companhias majestáticas e arrendatárias: A Companhia de Moçambique, a Companhia de Niassa e a Companhia da Zambézia.







A Companhia da Zambézia teve a sua origem numa concessão feita ao militar português, Paiva de Andrada, em dezembro de 1878, a qual compreendia além das minas de ouro da Zambézia, pertencentes ao Estado, mas ainda não exploradas, o exclusivo da exploração, por 20 anos, das minas de carvão, ferro, cobre e outros metais bem como o direito de exploração das florestas e uma área de 100.000 hectares de terras incultas situadas na Zambézia. Para explorar esta concessão, constituíu-se, em 1879, em Paris, a Sociedade dos fundadores da Companhia da Zambézia (Société des Fondateurs de la Compagnie Générale du Zambèze). Contudo, o decreto de 26 de Julho de 1880, que a reconheceu, determinava que ela só entraria na posse da concessão quando tivesse realizado o capital de 1800 contos de réis. Para evitar a ameaça da Companhia de Moçambique de assumir os seus ativos, em 25 de Maio de 1892, por fusão da já mencionada sociedade com uma companhia inglesa surgiu a chamada Companhia da Zambézia.

Em 1934 a Companhia da Zambézia iniciou a produção de chá, onde para além das plantações foi construída uma fábrica de transformação. Com a aprovação dos ingleses, o Chá Li-Cungo, foi introduzido em Londres, sendo considerado de grande qualidade, chegando a ser considerado um dos favoritos da Família Real Britânica. Seguiu-se a exportação do chá para a Turquia, Pérsia, Polónia, Checoslováquia, América do Norte e Espanha, onde conquistou o paladar da nobreza.

Em Portugal, só após o resultado de uma campanha publicitária é que começou a crescer o número de apreciadores do Chá Li-Cungo tornando-se num grande sucesso de vendas. Considerado internacionalmente um chá de qualidade a sua produção foi aumentando progressivamente.




O chá Li-Cungo tinha embalagens, de cartão, cujas cores variavam de acordo com o peso do pacote: Cor-de-rosa forte, a mais pequena, com cerca de 8 g, cor de laranja com 50 g, amarela, a mais comum, com 100 g.

Apesar do sucesso nas mesas de chá de todo o mundo, a produção de Chá Li-Cungo foi interrompida logo depois de 1975, altura em que o país consquista a sua independência. As plantações e as fábricas foram nacionalizadas e seguiram-se anos de Guerra Civil que afetaram a indústria chazeira moçambiqueira.

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